segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A METADE



17 de fevereiro de 1997. 

Parecia ser apenas mais um dia. 

Mas não, era O DIA.  

Aconteceu meio assim, por acaso. 

Como se finalmente, a gente tivesse encontrado o que tanto procurava. 

A outra METADE.






Matade (Osvaldo Montenegro)


Que a força do medo que tenho

não me impeça de ver o que anseio

que a morte de tudo em que acredito

não me tape os ouvidos e a boca

porque metade de mim é o que eu grito

mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe

seja linda ainda que tristeza

que a mulher que amo seja pra sempre amada

mesmo que distante

porque metade de mim é partida

mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo

não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor

apenas respeitadas como a única coisa

que resta a um homem inundado de sentimentos

porque metade de mim é o que ouço

mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora

se transforme na calma e na paz que eu mereço

e que essa tensão que me corrói por dentro

seja um dia recompensada

porque metade de mim é o que penso

mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste

e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável

que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso

que eu me lembro ter dado na infância

porque metade de mim é a lembrança do que fui

a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria

pra me fazer aquietar o espírito

e que o teu silêncio me fale cada vez mais

porque metade de mim é abrigo

mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta

mesmo que ela não saiba

e que ninguém a tente complicar

porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer

porque metade de mim é platéia

e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada

porque metade de mim é amor

e a outra metade também.


17 anos no mesmo passo... 

Te amo mais que ontem e menos que amanhã. 



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